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“Parece pausa, mas é travessia”: livro traz reflexões sobre o mundo pandêmico

    Está próximo o marco de dois anos desde que o Brasil registrava o primeiro caso de Covid-19. Junto à declaração de emergência sanitária global, veio um turbilhão de emoções, afinal, para muitos de nós era a primeira vez que enfrentávamos uma pandemia acompanhada de uma quarentena. Como viver aquilo que só conhecíamos em livros e filmes? Os sentimentos foram transformados em no livro “Parece pausa, mas é travessia”, em lançamento pela editora Gulliver.

    Isolada em seu apartamento no bairro Sumaré, em São Paulo, a jornalista e escritora belo-horizontina Sabrina Abreu fez o que sempre faz para melhor se expressar: escrever. Seus versos se tornaram um diário visual de quarentena, compartilhado no Instagram como #notasisoladas. Com palavras que capturam o espírito de um tempo estranho, as ironias, tragédias, esperanças e até algumas breves alegrias vividas, as Notas Isoladas repercutiram entre amigos de vida, de profissão, atraíram a imprensa e foram além, conquistando a simpatia de pessoas notórias como o estilista Ronaldo Fraga, a jornalista Bianca Ramoneda, a cineasta Daniela Thomas, as atrizes Ingrid Guimarães e Mônica Martelli e a apresentadora de TV Angélica.

    O diário se tornou o livro “Parece pausa, mas é travessia”, lançado pela Editora Gulliver, à venda no site www.gullivereditora.com.br por R$ 44,90. Com seis livros publicados, essa é a primeira vez que a escritora se arrisca nos versos: “Achei libertador a fluidez do processo, diferente do livro reportagem ou de um romance – minhas experiências anteriores – que mobilizam mais minha racionalidade. No caso das notas, acho que foi um caminho mais rápido entre o que eu sentia e o que tinha a capacidade de expressar por escrito. No fim, eram poemas mesmo, mas quando comecei, nem me dei conta disso”, conta a autora.

    Compilando 150 dos quase 400 poemas publicados, o livro não traz frases inéditas, mas a forma com que foram organizados cria uma narrativa sobre dois momentos experienciados por Sabrina em isolamento social. “Os primeiros meses da quarentena pareciam um hiato, uma espera pela vida. Mas, aos poucos, fui percebendo que aquilo também era vida. Foi desse pensamento que veio o título. Embora pareça uma pausa individual e coletiva, nós continuamos nos movendo, de algum jeito – pelos nossos medos, sonhos, esperanças. Sempre foi uma travessia”, comenta a escritora.

    A primeira parte “Parece pausa, mas é travessia”, que dá nome à obra, é concentrada no estranhamento dos meses iniciais da quarentena, ironias do novo cotidiano e reflexões sobre o desencanto com a política. A segunda, “Nós vamos dançar de novo”, reúne as notas que encontram também beleza e esperança naquele período, apesar da solidão e da saudade imposta pela quarentena. O projeto gráfico é inspirado nas imagens criadas por Sabrina, em releituras da artista e designer Beatriz Albernaz, que assina também a capa e as ilustrações do livro.

    O que passou, o que ficou, o que mudou? A única certeza após dois anos de pandemia é a de que continuará a escrever. “Depois de, finalmente, vacinada e há quase dois anos trabalhando de casa, eu sinto uma apreensão toda vez que leio sobre a descoberta de uma nova cepa ou a explosão de casos. A única estabilidade diante dos momentos mais variados foi a escrita mesmo. Meu escape foi, desde o início e até hoje, escrever”, conclui Sabrina.

    Sobre Sabrina Abreu

    Jornalista e escritora nascida em Belo Horizonte. Tem seis livros publicados, entre os quais a grande reportagem “A Voz do Alemão” (editora nVersos, 2013), escrito em parceria com o jornalista comunitário carioca Rene Silva, e o romance “O Último Kibutz” (Simonsen, 2017). “Parece Pausa, mas é travessia” é sua estreia em verso. Desde 2016, vive em São Paulo.

    Sinopse

    Em seu primeiro livro de versos, Sabrina Abreu domina a arte da síntese ao reunir numa obra notas isoladas de um diário visual criado pela autora durante a pandemia. Em “Parece pausa, mas é travessia”, Sabrina divide os versos em duas etapas. Numa delas a escritora expressa o estranhamento dos meses iniciais do período pandêmico, as ironias do novo cotidiano e reflexões sobre o desencanto com a política. Já na segunda parte, compila frases curtas que extraem beleza do estranhamento daqueles dias, e ainda caminha por temas como a esperança, a solidão, a saudade e o desejo de retomar a vida em sua plenitude, com direito a encontros presenciais.