Grupo mineiro reconhecido por revolucionar o teatro de bonecos celebra 50 anos de trajetória com lançamento de filmes, inventário e digitalização de todo acervo, publicação de livro e mostra de espetáculos
Grupo Giramundo comemora 50 anos de atuação com lançamento de projetos
Criado em 1970 pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu, o Giramundo celebra ao longo de 2021, 50 anos de atuação. Durante este tempo, o grupo montou 36 espetáculos teatrais, construindo um acervo com mais de 1.500 bonecos e objetos de cena. Suas montagens experimentaram a linguagem dos bonecos em múltiplas formas, inserindo o coletivo em um lugar de destaque na história do Teatro Brasileiro. Além disso, o Giramundo tem contribuição direta e fundamental na formação teatral de importantes nomes da dramaturgia e teatralidade contemporânea do país.
Para celebrar esta trajetória de muito sucesso, o Giramundo prepara o lançamento de seu primeiro longa-metragem “O Pirotécnico Zacarias”. O filme é um desdobramento do projeto que originou um espetáculo homônimo, ambos concebidos a partir de adaptações de alguns contos do mineiro Murilo Rubião, considerado um dos mais significativos escritores da literatura fantástica no Brasil. No longa, que tem roteiro original independente do espetáculo, o grupo investiu na criação de uma obra audiovisual inteiramente inédita, dando continuidade à pesquisa e ao processo criativo que deu origem à montagem. Com linguagem fluida, o filme conta com o hibridismo das técnicas de animação, teatro de bonecos, seres reais e imaginários, convivendo em situações surreais e mágicas, materializando a partir de um olhar poético e encantador, as obras e os personagens criados por Murilo Rubião. O resultado é a criação de um efeito audiovisual potente, instigante e sedutor, diferente de tudo que o grupo já produziu. O filme está em fase de finalização e tem previsão de estrear ao longo de 2021.
Além do longa, o grupo vem trabalhando no processo de inventário e digitalização de todo o acervo constituído ao longo desses 50 anos de pesquisa, criação e circulação, trazendo à tona uma infinidade de arquivos que serão disponibilizados ao público em diversos formatos. O projeto do cinquentenário será desenvolvido a longo de todo ano de 2021 e ainda prevê o lançamento de um canal no YouTube, um livro de imagens com a trajetória criativa do grupo, um documentário histórico, além de uma mostra online com os principais espetáculos de repertório. Toda a programação comemorativa aos 50 anos do Giramundo é viabilizada por meio do patrocínio da CEMIG.
::Sobre o Grupo Giramundo::
Criado em 1970 pelos artistas plásticos Álvaro Apocalypse, Tereza Veloso e Madu, o Giramundo é reconhecido como um dos principais grupos de teatro de bonecos do país. Nos anos 70 e 80, a formação acadêmica e artística de seus fundadores foi responsável por imprimir no grupo o rigor metodológico e estético no planejamento e produção de seus bonecos e espetáculos. Estas características, unidas ao interesse pela cultura brasileira, trouxeram reconhecimento nacional ao Giramundo, garantindo seu lugar na história do Teatro Brasileiro por sua ação transformadora de incorporação de formas e temas adultos, dialogando com questões formais, plásticas e políticas complexas.
No ano 2000, o Giramundo conquista sua sede própria, em Belo Horizonte, onde também funciona o Museu, a Escola e o Estúdio de Animação do grupo. Desde a inauguração da sede integrada, o grupo investe na produção de animações e de conteúdos digitais.
Hoje, podemos dizer que o Giramundo rompeu com a ideia de ser um grupo de teatro para se transformar em um grande núcleo multimídia, experimentando a vivência de uma cena de animação variada, onde convivem bonecos reais e suas versões digitais. Essa mistura do teatro de bonecos, vídeo, animação, cinema, música, dança e artes plásticas parece ser o território do Giramundo do século XXI. “O Giramundo é um perseguidor. Sempre em busca do inatingível: a receita do boneco nunca construído, a montagem improvável, a cena surpresa, a metodologia da máxima performance. Essa inquietude não tem fim, só começo. O grupo nasceu com ela e a sustenta viva, em brasa, no sopro do entusiasmo de seus membros, geração após geração, ativos na faina de tarefas irrealizáveis. Assim, o Giramundo nos deixa marcas, escreve e se inscreve em nós, como tatuagem, como palimpsesto, como gravura policrômica. E tanto a peça quanto o filme O Pirotécnico Zacarias reforçam todas essas características que fazem parte do DNA do grupo”, encerra Marcos Malafaia