Neste mês da campanha “Agosto Lilás”, “instrumento de luta por uma vida livre de violência”, em referência à Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), criada para dar assistência às mulheres vítimas de violência, retorna aos palcos de Belo Horizonte, o espetáculo “A Obscena Senhora H – Paixão e Obra de Hilda Hilst”, que traz reflexões e questionamentos sobre a cultura de opressão e a primazia da masculinidade sobre a feminilidade.
No palco, a atriz Luciana Veloso, ganhadora do Prêmio Cenym de Teatro Nacional 2020 pela interpretação solo em “A Obscena Senhora H”, (indicado como Melhor Monólogo), encena momentos do relacionamento violento e abusivo, que a escritora Hilda Hilst vivenciou com seu primo Wilson Hilst, 20 anos mais jovem, durante a criação de seu livro “A Obscena Senhora D”, lançado em 1982. O encontro marca uma relação mais profunda entre a vida e a obra da escritora, em que realidade e ficção se misturam num mesmo enredo.
“É muito impressionante entender a forma como Hilda, em “A Obscena Senhora D”, foi capaz de sublimar a dor, a perda, a violência, em uma história de busca incessante e desesperada pelo divino ou pela “incompreensível compreensão” do que há entre vida e morte. A personagem do livro, Hillé, é um autorretrato da própria escritora que radicaliza a relação entre a materialidade da carne e a intangibilidade do espírito. Tem um momento em que ela fala ‘não quero mais ver coisa muito viva’ nos dizendo sobre sua recusa absoluta em se conformar com uma vida que, para ela, já é puramente ilusória. Mas se para Hillé a procura da luz parece ter chegado ao fim, para nossa sorte e deleite foi na literatura que Hilda depositou a sua salvação. Foi vivendo entre paixão e sombra que Hilda escreveu uma de suas obras mais completas, um trabalho irretocável que é “A Obscena Senhora D”. E o nosso trabalho no teatro, a nossa peça, é sobre isso”, explica Veloso.
A narrativa traz um olhar questionador sobre a dominação masculina nas relações sociais, promovendo uma reflexão quanto à cultura de opressão e o machismo nos dias atuais. “Mesmo escrita há 40 anos, a obra de Hilda se faz atual e necessária, quando suscita em sua obra A Obscena Senhora D, em meio a um isolamento profundo e lembranças do passado, reflexões sobre práticas machistas, violência contra a mulher e o verdadeiro sentido da vida, com personagens que questionam Deus, a vida, a morte e o corpo. Temas tão atuais”, destaca o diretor e dramaturgo Juarez Guimarães Dias.
O espetáculo tem duração de 60 minutos e classificação 16 anos.
A montagem entra em cartaz nos dias 26, 27 e 28 de agosto, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, no Teatro Raul Belém Machado, região da Pampulha, seguindo todos os protocolos de segurança.
Montagem
Com dramaturgia e encenação de Juarez Guimarães Dias e solo de Luciana Veloso, a peça reconta a paixão da premiada escritora brasileira Hilda Hilst por seu primo Wilson Hilst, 20 anos mais novo, durante a criação de um de seus mais aclamados livros, “A Obscena Senhora D”, no início da década de 1980. O encontro marca uma relação mais profunda entre a vida e a obra da escritora, em que realidade e ficção se misturam num mesmo enredo. O texto compõe-se de fragmentos do romance “A Casa da Senhora H”, de Juarez Guimarães Dias, e da novela “A Obscena Senhora D”, de Hilda Hilst, além de trechos de entrevistas e cartas. Duração de 60 minutos. Classificação 16 anos.
Escritora
Hilda Hilst (1930-2004), escritora homenageada em 2018 pela Feira Literária de Paraty (Flip) foi uma poetisa, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira, considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, ao mesmo tempo em que foi muito pouco distribuída e lida pelo público, sobretudo em vida, e agora vem ganhando cada vez mais espaço e projeção. Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil, Prêmio PEN Clube de São Paulo, Prêmio Anchieta, Associação Paulista de Críticos de Arte (Prêmio APCA e Grande Prêmio da Crítica pelo Conjunto da Obra), Prêmio Jabuti e Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo), Prêmio Moinho Santista, entre outros. Mudou-se para a Casa do Sol, construída na fazenda de sua mãe em 1966, onde passou a viver e produziu a maior parte de sua obra. Depois de sua morte, a casa tornou-se sede do Instituto Hilda Hilst e foi tombada pelo Patrimônio Histórico de Campinas.
Criadores
Luciana Veloso, natural de Montes Claros/MG é atriz e produtora cultural. Bacharel em Teatro pela Escola de Belas Artes/UFMG e Técnica em Interpretação pela Casa das Artes de Laranjeiras (RJ). Ganhadora do 20º PRÊMIO CENYM DE TEATRO NACIONAL 2020 na categoria “Melhor Atriz” e indicada ao PRÊMIO COPASA SINPARC 2019 na mesma categoria, atuou em espetáculos teatrais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, entre eles “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”, direção de Inês Viana; “O Interrogatório”, direção de Ole Erdmann; “Peer Gynt”, direção de Adriano Garib; “O Santo e A Porca”, direção de Kalluh Araújo; “Zucco: ensaio para um crime”, direção de Amaury Borges; “Pas de deux para 2 Mulheres”, direção de Henrique Vertchenko; “Capitão Fracasso”, direção de Luiz Paixão e “A Obscena Senhora H – Paixão e Obra de Hilda Hilst”, direção de Juarez Guimarães Dias, indicado ao 20º PRÊMIO CENYM DE TEATRO NACIONAL na categoria “Melhor Monólogo”.
Juarez Guimarães Dias, dramaturgo e diretor que em 2022 comemora 29 anos de Teatro. É publicitário e professor do Departamento de Comunicação Social da UFMG. Doutor em Artes Cênicas (Unirio), Mestre em Literatura (PUC-Minas), Bacharel em Comunicação Social (Uni-BH) e Coordenador do “Núcleo de Estudos em Estética do Performático e Experiência Comunicacional” (FAFICH/ UFMG). Há 17 anos, é leitor e pesquisador da obra de Hilda Hilst. Publicou “O fluxo meta narrativo de Hilda Hilst em Fluxo-floema” (Ed. Annablume, 2010), oriundo de sua dissertação de mestrado; dirigiu “Do desespero de contar uma história ou da arte de ser um unicórnio” (adaptação sua da ficção “O Unicórnio”), em 2006. Dirigiu, em 2003, a montagem de “A Possessa (A Empresa)”, dramaturgia de Hilda Hilst produzida pela Cia. De Outros Atores, que também realizou o evento “Círculo de Atividades Integradas Hilda Hilst” (1ª edição, 2002) e “Círculo Hilda Hilst” (2ª edição, 2017). Atualmente está em fase de finalização e publicação o romance “A Casa da Senhora H” sobre a história da Casa do Sol de Hilda Hilst, projeto contemplado pelo Prêmio Funarte/ Biblioteca Nacional de Criação Literária 2012 e realizado no Programa de Residênciasde Criação do Instituto Hilda Hilst. No teatro, tem outros trabalhos reconhecidos por público e crítica: “Freddie Rock Star” (Fábio Schmidt), “EuCaio” (Matheus Soriedem), “Marilyn Monroe.doc” (Grupo Dois Palitos), “#tudodenós” (Pierrot Teen), “Atrás dos olhos das meninas sérias” e “Sexo” (Cia Pierrot Lunar). É autor também do livro “Narrativas em cena: Aderbal Freire-Filho (Brasil) e João Brites (Portugal)” (Móbile Editorial/ Faperj, 2015), sua tese de Doutorado. Indicação Prêmio Cenym de Teatro Nacional 2020, categoria Melhor Monólogo, em “A Obscena Senhora H – Paixão e Obra de Hilda Hilst”.
Ficha técnica:
Criação: Juarez Guimarães Dias e Luciana Veloso
Atuação: Luciana Veloso
Dramaturgia e Encenação: Juarez Guimarães Dias
Direção de Movimento: Sitaram Custódio
Direção de Produção: Janine Avelar
Cenografia: Juarez Guimarães Dias
Design de luz: Bruno Cerezoli
Figurino: Andreia Gomes
Máscaras: Lívia Rabelo
Preparação Vocal: Ana Hadad
Trilha Sonora Original e Design de Som: Daniel Nunes
Design Gráfico: Solo CDC
Fotografias: Guto Muniz, Marília Fiuza e Matheus Soriedem (créditos nas fotos)
Assessoria de Imprensa: Glenda Souza
Redes Sociais: Djavan Henrique Reis
Sinopse
Com a atriz Luciana Veloso, ganhadora do Prêmio Cenym de Teatro Nacional 2020 pela interpretação solo em “A Obscena Senhora H”, (indicado como Melhor Monólogo), o espetáculo reconta a paixão da premiada escritora brasileira Hilda Hilst por seu primo Wilson Hilst, 20 anos mais novo, durante a criação de um de seus mais aclamados livros, “A Obscena Senhora D”, no início da década de 1980. O encontro marca uma relação mais profunda entre vida e obra da escritora, em que realidade e ficção se misturam num mesmo enredo.
Serviço
A Obscena Senhora H – Paixão e obra de Hilda Hilst
Data: 26 a 28 de agosto de 2022
Horário: sexta e sábado, às 20h e domingo, às 19h.
Local: Espaço Cênico Youshifumi Yagi – Teatro Raul Belém Machado – Rua Leonil Prata, s/nº – Alípio de Melo, Regional Pampulha.
Ingresso: inteira – R$40 (+taxa). Meia – R$20 (+taxa). Promocional antecipado a R$25 (+taxa) pelo link: https://linktr.ee/aobscenasenhorah
Contato: (31) 3505-0010