A cachaça é tão querida no coração do brasileiro que tem seu próprio dia: hoje, dia 13 de setembro. A origem da data marca o momento em que a bebida passou a ser oficialmente liberada para a fabricação e venda no Brasil, em 1661. É um dia de celebração da brasilidade e confirmação da sua identidade.

O setor responsável pela produção das cachaças mineiras, representantes tradicionais da excelência da bebida, tem investido em capacitação, qualidade, boas práticas de fabricação, formalização da produção e gestão do negócio. E o resultado não poderia ser melhor: o destilado tem papel fundamental na economia do estado, considerado o maior produtor nacional de cachaça de alambique. Entre os estabelecimentos registrados até 2020, cerca de 41,6% estão em Minas Gerais.

A importância da cachaça mineira é percebida, também, na geração de empregos e divisas, de acordo com dados do Comexstat (2022). Os números mostram que Minas Gerais ampliou suas exportações no período de janeiro a junho deste ano em 70%, se comparado com o mesmo período de 2021, saindo de 79,6 mil litros para 135,3 mil litros. No Sistema Faemg, o setor é acompanhado de perto por meio do trabalho da Comissão Técnica de Cachaça de Alambique.

Apoio legal

O presidente da CT, Roger Sejas, conta que o principal foco do grupo, no momento, envolve a qualificação da cachaça, em especial a cachaça de alambique, que é aquela que melhor representa a cultura histórica dos produtores com a utilização de cana crua, fermento natural sem adição de químicos e destilação em alambiques de cobre. Além disso, a assistência técnica e gerencial é uma iniciativa determinante para a melhoria da produção e deve ser estimulada nas variadas regiões produtoras do estado.

“Ainda são tratados variados temas de desenvolvimento do setor no âmbito da Comissão Técnica, como a desburocratização das licenças ambientais para a produção de álcool combustível como elemento secundário da produção da cachaça, o que está em análise na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, bem como a criação de um curso de qualificação para os Responsáveis Técnicos de estabelecimentos de produção da cachaça de alambique”, acrescenta. Os trabalhos visam beneficiar os mais de 397 produtores registrados em Minas (de acordo com o Anuário da Cachaça do MAPA – 2021), bem como os inúmeros que ainda estão na clandestinidade, estimados em mais de 7 mil alambiques sem registro.

Questões legislativas referentes ao PIQ – Padrão de Identidade e Qualidade; tributárias em relação ao ICMS-ST; e de valorização da bebida interna e externamente para vencer a barreira do preconceito e firmar a cachaça como um produto de valor agregado e o ato de beber como uma experiência são outras frentes em que a Comissão atua.

Conhecimento para crescer

Além do respaldo da Comissão Técnica, os produtores de cachaça de alambique contam com o atendimento gratuito do Senar Minas em seis treinamentos, entre cursos e seminários voltados para a bebida, e com o Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG Agroindústria de Cachaça, iniciado em agosto de 2021 e atualmente com quatro grupos, totalizando 79 produtores.

“Todas as iniciativas da CT são voltadas para a melhoria do produto cachaça de alambique e do produtor, com foco no consumidor brasileiro e no exterior. Devemos romper o preconceito que assola a bebida dentro do próprio país, além de desbravar fronteiras estimulando o comércio internacional e elevando o nome de Minas para o mundo com qualidade, profissionalismo e estratégia. Por isso, o apoio institucional de uma entidade como a Faemg só vem corroborar o tratamento técnico que deve ser dado à produção”, avalia Roger Sejas.

História de luta e sucesso

Antes de 1661, havia um bloqueio do Império Português para a venda da cachaça brasileira, que ameaçava o mercado da bagaceira, destilado típico de Portugal.

Mesmo diante da imprecisão de data da primeira destilação no Brasil, é possível afirmar que a cachaça foi o primeiro destilado da América a ser feito em larga escala e a ter relevância econômica.

Por muitos anos, a bebida foi marginalizada, mas, somente a partir de 2001, o nome “cachaça” passou a designar a nossa genuína bebida, reconhecida como legítima, e a definir como vocábulo de origem e uso exclusivamente brasileiros, constituindo uma indicação geográfica para as negociações no comércio internacional.