Fotos: Divulgação Imprensa
O cinema mineiro ganhou um site para guardar sua história e também disponibilizá-la para consulta: o Instituto Humberto Mauro lançou o site hemerotecacinema.org para hospedar os arquivos digitalizados da hemeroteca do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC-MG). Na Hemeroteca Digital de Cinema: Minas Gerais, o público pode encontrar a maior parte do que a mídia impressa, seja mineira, brasileira ou internacional, publicou sobre a cultura cinematográfica e audiovisual de Minas Gerais, como a produção, o criticismo, a distribuição, a exibição em salas, na televisão e nas plataformas digitais, festivais e mostras, o ensino, o cineclubismo, o jornalismo cultural, o trabalho de cineastas e outros profissionais, a projeção nacional de nossos atores e atrizes, etc. O trabalho foi viabilizado com recursos do Edital Emergencial Aldir Blanc “Boas Práticas em Museus, Centros de Memória e Bibliotecas Comunitárias”, do Ministério do Turismo/ Governo do Estado de Minas Gerais, no qual o Instituto foi contemplado.
“Temos um vasto acervo, reunido durante várias décadas, que conta muito ou quase tudo da história do cinema e do audiovisual mineiros. O material é constituído de mais de 8.000 documentos do acervo hemerográfico do CEC e do Instituto Humberto Mauro, recolhido ao longo de 70 anos ou mais, em jornais, revistas e outras publicações de Minas Gerais, do Brasil e de outros países. O público poderá consultá-lo pela internet para leitura e pesquisa”, explica Victor de Almeida, diretor executivo do Instituto Humberto Mauro e coordenador do projeto.
“Através do site, o público poderá saber o que foi publicado sobre a atividade cinematográfica desenvolvida por profissionais mineiros a partir de matérias jornalísticas publicadas em veículos de comunicação do Estado, do país e internacionais. Poderão acessar o conteúdo os cinéfilos, pesquisadores, professores, profissionais e outros interessados. Os usuários fazem a consulta no site e podem, em seguida, ter acesso ao arquivo original, que será enviado ao interessado por e-mail”, explica o produtor editorial Lourenço Veloso, que produziu e desenvolveu o site com a colaboração da designer Mitiko Mine, que criou a marca do projeto e o layout da página hemerotecacinema.org.
Empresa Júnior
O Instituto Humberto Mauro contratou a Empresa Júnior de Arquivologia, formada por alunos da Escola de Ciência da Informação da UFMG. Eles realizaram o processo de higienização, digitalização, ordenação e descrição dos documentos hemerográficos, de modo a permitir o desenvolvimento de uma plataforma de pesquisa desse acervo para será acessada pelo público em geral. A higienização foi feita por limpeza mecânica simples e, quando possível, também foi feita a desmetalização do material. Após a higienização, os documentos foram digitalizados em alta resolução, conforme as Diretrizes para a Digitalização de Documentos de Arquivo, fixadas pelo decreto nº 10.278/2020, do Conselho Nacional de Arquivos. As imagens têm resolução mínima de 300 dpi em TIFF, e depositadas em HD externo. Os documentos estão descritos em planilha eletrônica disponível no Google, a partir da página hemerotecacinema.org.
Cada documento ganhou uma ficha descritiva. “Foi escolhida a organização cronológica, ou seja, o ano de publicação do documento. Dessa forma, é possível desenhar um contexto histórico da atividade cinematográfica em Minas Gerais desde a década de 1950, quando foi fundado o CEC. Assim, será possível encontrar informações sobre artistas, filmes, críticas,reportagens, cursos, escolas, associações, festivais, congressos, cineclubes, etc”, explica o presidente da Empresa Júnior de Arquivologia, Felipe Lopes. Os recortes físicos tratados foram acondicionados em caixas-box de plástico corrugado, próprias para a conservação de documentos, resistentes à água, umidade, calor, choques, mofo. “Foi a solução mais viável para a preservação do acervo. A nossa empresa dará suporte ao CEC e ao IHM para esclarecer futuras questões”, completa Felipe Lopes.
Instituto Humberto Mauro e Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais
O Instituto Humberto Mauro é uma organização-irmã do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC-MG), instituição que se dedica, desde 1951 A formação de público por meio do cineclubismo e da reflexão crítica do fenômeno cinematográfico, tendo formado várias gerações de críticos, cineastas, professores e outros profissionais. O CEC foi criado por Cyro Siqueira, Jacques do Prado Brandão, Raimundo Fernandes, Fritz Teixeira de Salles, Carlos Denis, Guy de Almeida e Newton Silva, entre outros. Do CEC saíram os 29 números da pioneira “Revista de Cinema”, o 1º Festival de Cinema Brasileiro de Belo Horizonte e cineastas como Neville d’Almeida, Carlos Alberto Prates Correia, Oswaldo Caldeira, Schubert Magalhães, Alberto Graça, Antônio Lima, Geraldo Veloso, Maurício e Ricardo Gomes Leite, Paulo Leite Soares, Sylvio Lanna e Paulo Augusto Gomes, entre outros.
O CEC sempre teve uma relação forte com a imprensa, sobretudo a escrita. Seus fundadores eram quase todos jornalistas, e alguns foram também críticos de cinema em jornais mineiros e nacionais. Como jornalistas, eles se encarregaram, na crítica de cinema e no jornalismo cultural, a destacar, na produção cinematográfica internacional, brasileira e mineira, as obras que conferiam ao cinema o status de arte — a sétima, como acabou sendo reconhecida em todo o mundo. obras que tinham mais qualidade estética, pioneirismo de produção e outras qualificações que deveriam ser reconhecidas pela sociedade.